segunda-feira, 19 de março de 2012

QUEDA DE JUROS NÃO ALTERA CRÉDITO ESPECIAL A MICROEMPRESÁRIO


A recente queda de 0,75% na taxa Selic, índice que regula a taxa de juros oficial vigente no País aumentou a expectativa sobre o barateamento do custo no crédito no Brasil. Foi a maior nos últimos três anos. A taxa, definida pelo Banco Central, influencia no preço das linhas oferecidas pelas instituições de crédito. Atualmente fixada em 9,5%, os analistas projetam uma queda para até 8,5% em 2012. 
Enquanto isso não acontece, os microempreendedores seguem utilizando linhas de crédito especiais, que devem ser pouco afetadas pelas taxas de juros. 
Jerônimo Ramos, superintendente de microcrédito do Banco Santander, explica que "o microcrédito não sofre impacto da queda dos juros, porque ele já é mais vantajoso do que o normal". Ele relata que as taxas praticadas pelo banco, que giram normalmente em torno de 2,56% a 2,7% ao mês, são possíveis devido à resolução n° 4.000 do Banco Central, segundo a qual até 2% dos depósitos bancários retidos pela instituição podem ser retirados pelos bancos "contanto que sejam disponibilizados para o microcrédito". 
"Dá para o empresário comprar equipamentos ou fazer melhorias no negócio", exemplifica Ramos. Ele compara esse tipo de linha de financiamento com a de crédito pessoal, mais alta, que gira em torno de 4,5% a 6% ao mês. 
O Banco do Brasil também se beneficia da portaria, oferecendo crédito de 0,64% ao mês a empresas que ganham até R$ 120 mil ao ano, como explica Asclepius Ramatiz Lopes Soares, gerente executivo da diretoria de Micro e Pequenas Empresas da instituição. 
Outro fator que possibilita os baixos juros dos empréstimos, que vão de R$ 500 até R$ 15 mil, é a taxa de inadimplência inexpressiva. Hoje, 96% dos empréstimos feitos por essa linha pelo Santander são pagos em dia, sendo que apenas em 2011 foram liberados R$ 186 milhões de reais. 
Segundo Ramos, isso é resultado de um trabalho realizado próximo aos microempresários. Ele conta que negócios informais, como de cabeleireiros, pequenos restaurantes ou de venda de produtos de beleza no modelo porta a porta não têm uma estrutura contábil que possibilite apresentarem garantias aos bancos. A solução encontrada é disponibilizar agentes de crédito que visitam os empreendedores pessoalmente a fim de avaliar se o negócio tem estrutura para tomar um empréstimo. Então, oferecem ao empreendedor consultoria em contabilidade. 
Para tomar um empréstimo junto à linha de microcrédito de bancos como o Santander, a empresa deve estar estabelecida há ao menos seis meses, ter potencial de crescimento e faturamento anual não superior a R$ 120 mil. 

Outras linhas de crédito
Novos atores no mercado vêm, no entanto, oferecendo linhas de crédito atraentes também para empresas que já se localizam num outro patamar de investimento. Esse é o caso da Agência de Fomento Paulista. Fundada em 2009 e com um aporte de R$ 1 bilhão do Governo do Estado de São Paulo, ela tem como foco o desenvolvimento de pequenos e médios negócios, que são, para a agência, aqueles que têm um faturamento de R$ 300 mil a R$ 300 milhões anuais. 
Milton Luiz de Melo Santos, presidente da instituição, compara o serviço ao dos bancos. "Praticamos das taxas e prazos mais baixas do sistema financeiro e de crédito, totalmente diferente daquela praticada pelos bancos de varejo", diz. Ele destaca algumas linhas especialmente competitivas, como a voltada para a economia verde. Os juros, nesse caso, são de 0,41% por mês. O objetivo dessa linha é promover mecanismos que auxiliem na queda da emissão de carbono. 
Há também uma linha referente ao capital de giro das empresas, que cobra juro de 1,12% ao mês. Elas possuem um prazo de até dois anos para saldar o compromisso, com até um ano de carência. Na prática, pagam apenas os juros referentes ao empréstimo inicial. Se trata de uma taxa competitiva, quando comparada com a oferecida pelo Banco do Brasil - um ator financeiro de grande porte. O banco disponibiliza R$ 69 bilhões para pequenas e médias empresas, aquelas que, para a instituição, têm faturamento anual de até R$ 25 milhões. Nesse caso, os juros vão de 1,40% a 1,64% ao mês. 
A Agência de Fomento Paulista oferece prazos mais extensos para o financiamento de compra de equipamentos. Nesse caso, eles são de cinco anos, com taxa de 0,57% de juros ao mês e com até dois anos de carência. 
A linha de investimento voltada para mudanças estruturais tem prazo de pagamento de até dez anos e gira em torno de 0,57% ao mês. Segundo Santos, ao contrário do que ocorre no caso do microcrédito oferecido pelo Banco Santander, a queda da taxa Selic tem baixado os juros aplicados pela Agência de Fomento, padrão cuja tendência é ser mantido. 

Fonte: Terra / Cross Content 

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