Do couro sai a correia.
Por quantas e quantas vezes tive de ouvir essa expressão de meu pai, sempre que me encontrava indeciso entre comprar mais material para estoque ou investir em algum adicional para a loja...
O medo de gastar de forma impensada até mesmo o que não se contava no caixa, na esperança de vender para se pagar duplicatas... Não foram poucas as vezes que somei, somei e ressomei as duplicatas do mês, sempre com o pensamento de que, se não conseguisse vender bem em um dia, títulos iriam para o cartório. E junto a esses pensamentos sempre ecoava: “do couro sai a correia, do couro sai a correia...”.
Trata-se, para conhecimento daqueles que desconhecem a informação, de uma expressão antiga que significa que o cinto – no caso, a tal ‘correia’ – sairia da peça inteira do couro em si. Revertendo isso para o mundo dos negócios: O LUCRO SÓ SAI DO INVESTIMENTO.
Abre-se, então, a inevitável pergunta: qual é a diferença entre investir e gastar?
Há uma linha bastante tênue aí, leitor. Tanto que é bastante comum vermos pessoas gastando e acreditando veementemente que estão investindo. Acontece. E com muita frequência, acredite.
Às vezes, fazemos isso mesmo em nossa vida pessoal. Responda: quantas vezes não vemos pessoas justificando ‘investimentos’ em apartamentos no litoral, casas no campo e carros novos a cada ano? Basta que o indivíduo passe a ganhar um pouco mais para já se atirar na primeira despesa que lhe despontar à frente.
Sim, despesa. E essa, leitor, é a palavrinha mágica que define a diferença entre o gastar e o investir na vida das pessoas.
Estenda esta questão ao seu empreendimento aí: será que comprar aquelas cinco cafeteiras Nespresso é algo realmente necessário para os negócios? “Torrar” todo o capital de giro no uniforme novo da sua equipe vale realmente a pena no momento? Sacolinhas novas para os clientes? (questão delicada para o momento) Que tal aquele tão sonhado folder com verniz localizado em papel 250g? Ou então comprar o Ipad2 ou o Xoom para facilitar o seu dia a dia? Será mesmo o momento para isso, leitor? As coisas começam a ficar mais claras a partir desses questionamentos, não é verdade?
Já vi planos de negócios torrarem mais capital em decorações, uniformes, mobílias, cafeteiras e até mesmo em reformas de banheiros – sim, leitor, banheiros que chegaram a custar R$ 20 mil – ao invés de investirem, por exemplo, no principal produto do negócio em questão.
A regra é simples. Basta considerar: o que você vai comprar gerará algum lucro? Respostas subjetivas e automáticas como “a boa apresentação do nosso escritório chamará mais clientes para nós” não valem aqui. Mesmo porque você precisa primeiramente garantir clientes para, então, ‘gastar’ nessas frescurinhas. Pense sempre em fazer o máximo com o mínimo. Ou você nunca ouviu falar de pessoas bem-sucedidas, que costumavam ganhar bem e tal, simplesmente ‘quebrarem’ de uma hora para outra? Elas existem, leitor. E aos montes, infelizmente. “Nossa, mas ele tinha tantos patrimônios...”
Desde quando casa na praia ou carro novo é patrimônio?!? Hoje em dia, nem mesmo o apartamento em que moramos é um patrimônio. Que o diga quem vive de aluguel. Quanto não deixamos para trás quando alugamos um imóvel? Podemos mesmo tomar isso como investimento, leitor?
Não que você tenha de viver feito um espartano, sem direito ao tão sonhado apezinho no litoral, àquele pequeno rancho para descansar no interior ou, mais pontual ainda, àquele estabelecimento com tudo o que há de mais moderno em tecnologia e design. Não é isso o que estou sugerindo aqui, de forma alguma. Apenas estou reforçando aqui o cuidado para sempre se saber onde e em quê investir para, conseqüentemente, um dia poder gastar, afinal.
“Do couro sai a correia”. Saudades do meu pai.
Fonte: sindilojas
Adorei o seu texto. Bons conselhos para quem quer investir para lucrar. Forte abraço.
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